sexta-feira, 14 de setembro de 2012

"O Legado Bourne": Tony Gilroy é Um Supervilão. No Bom Sentido.



Este filme merece uma menção honrosa. Afinal, ele já contava com dois pontos negativos quando fui vê-lo e ainda assim saí da sessão satisfeito. Ponto negativo 1: Pareceu picaretagem. É um filme da "série Bourne" sem o Jason Bourne, sem Paul Greengrass e sem Doug Liman, com um personagem cuja existência até então era desconhecida. Ponto negativo 2: Fui vê-lo depois de assistir a Mercenários 2, que deixou minhas expectativas em relação a cenas de ação bastante elevadas. Mas o Tony Gilroy escreveu os três primeiros filmes (pegando muito pouco emprestado dos livros do Ludlum, que, hoje, são muito difíceis de engolir) e tais roteiros, em comparação com o blockbuster hollywoodiano médio, são absolutamente fodásticos (sério: com que frequência, hoje, se vê um filme de ação que consegue prender a atenção com vários minutos sem diálogos e sem pirotecnias?) e o Michael Clayton foi decente (não vi Duplicidade, porque, basicamente... sei lá, mas talvez eu veja agora). O filme, contudo, foi uma surpresa agradável. Não é Mercenários 2, mas é muito bom. 

O roteiro não é extraordinário, mas serve. A história se passa durante e depois de O Ultimato Bourne e consiste, em síntese, no seguinte: graças ao escândalo causado pelo segundo e terceiro filmes da série, o governo americano resolve dar cabo das operações Treadstone, Blackbriar e congêneres, o que implica matar os envolvidos. Jeremy Renner é Aaron Cross, uma das cobaias, que, compreensivelmente, não quer morrer e precisa da medicação que só a Rachel Weisz pode arranjar (pois é a única médica envolvida na operação que escapa de virar arquivo queimado). O filme começou a me chamar a atenção quando Cross escapa de ser bombardeado por uma questão de segundos e resolve retribuir a gentileza derrubando um jato com um rifle com mira telescópica. Pois é, o rapaz derruba um caça a tiros. Muito bem.  Meu man-crush pelo Renner mostra que tinha razão de ser. Depois ele arranca o rastreador que implantaram em seu corpo com uma faca (badass), luta com um lobo (melhor ainda!), quebra a cara do lupino (massa!), no qual implanta o rastreador (sacaneou!), de modo que o próximo caça (imagino que os pilotos acham que estão atacando o Abominável Homem das Neves) bombardeia o lobo desavisado e o responsável pela chacina (Edward Norton que, depois das frescalhação que aprontou durante as filmagens de O Incrível Hulk, está bastante plausível como um escroto) acha que o problema foi resolvido. Então ele vai atrás da Rachel Weisz (o que é sempre uma boa idéia, mas falarei sobre isso no final), salva a moça de ser executada e eles têm que dar a volta ao mundo, rumo às Filipinas, onde é fabricada a medicação utilizada no programa de que o Cross fazia parte, fugindo "dos home". Perseguições acontecem, porradas e tiros são desferidos e constato que o Tony Gilroy devia ter dirigido Supremacia e Ultimato, pois ele não tem a afeição doentia do Paul Greengrass com a shakycam. Não vou comparar o filme com Expendables 2 porque seria covardia. Mas é direção é muito superior à do segundo e terceiro filmes, me levando à conclusão de que o verdadeiro responsável pela qualidade destes era o roteirista, não o diretor. E, ao final do filme, percebo uma coisa: com algumas poucas cenas e diálogos, o Gilroy subverteu toda a conclusão de O Ultimato Bourne. O roteirista/diretor é um gênio do mal: ele consegue criar uma cenário que torna possível tanto um quarto filme com o Jason Bourne (se Legado não render dinheiro o suficiente) quanto outro filme com o Cross. E sem picaretagens - ele arma a coisa de modo bastante plausível, tanto politica quanto juridicamente. A Pamera Landy termina o filme, basicamente, cheia de abacaxis pra descascar. Será que o Jason Bourne irá socorrê-la? Ou o Aaron Cross? Só a bilheteria e as contas vencidas dos atores dirão. Mas qualquer das hipóteses (ou ambas) é possível.


Na verdade, ao final do filme, percebo duas coisas. A segunda? Cacete! A Rachel Weisz está ficando mais gata e gostosa com o passar do tempo! Danny Boy, é impressão minha ou este fenômeno também está ocorrendo com a inglesa? Só posso presumir que sim. E o Cross nem tenta dar uns pegas. Estóico, gay ou deixou pra dar uns pegas depois dos créditos? Sei lá. Talvez jamais saberemos. Mas, como já disse, o filme é bom.

O que, na verdade, é curioso: ultimamente, vi uma série de filmes bons. Isso deixou um vazio em minha vida. Como preenchê-lo? Onde estão as porcarias que me deixam estarrecido com a capacidade humana para promover a tosqueira?

"Olha uma aí!", diz o fantasma do Elvis, meu mentor espiritual.
Reparem que proferir a tagline requer uma entonação bastante peculiar: They're WAITING for YOU... just BENEATH THE SURFACE! Trata-se de um filme com um orçamento tão fuleiro que o inigualável Jess Franco recusou a direção. Já cogitei a possibilidade de assistir e fui aconselhado, persuasivamente, a não fazê-lo, porque o filme é horrível. Mas sou um sujeito intrépido (ou retardado, segundo algumas pessoas que vão permanecer caladas, pois eu as matei, escondi os cadáveres na casa de um vizinho chato e fiz uma ligação anônima para a polícia dedurando o babaca, que agora está preso) e vou encarar o trambolho!

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