quinta-feira, 8 de novembro de 2012

"Darkness", daqui a dez anos ou menos, será considerado um "clássico injustiçado"


A Sétima Vítima (Darkness), de Jaume Balagueró, é um filme pouco conhecido e ainda menos estimado. Isso não me incomoda, pois, afinal, foi necessário um certo lapso temporal para, por exemplo, O Enigma de Outro Mundo, do Carpenter, ter o reconhecimento merecido. E o mesmo, naturalmente, ocorreu com Cidadão Kane. Sei que comparar o filme em análise com a obra superlativa de Orson Welles é um exagero. Mas tenho que observar, por outro lado, que a Anna Paquin é bem mais aprazível aos olhos que o saudoso Orson.

Não vá por minha palavra. Tire suas próprias conclusões.

A comparação me deixa com um tremendo teto de vidro, mas estou disposto a correr o risco. It is a far, far better thing that I do, than I have ever done; it is a far, far better rest that I go to than I have ever known. Sim, acabei de citar Dickens. Não, não estou sendo pernóstico. Se o Nolan pode, eu também posso.

Ou talvez eu seja o Batman. Como diria o pessoal do History Channel, não há prova cabal de que eu não seja, de modo que é possível.

Bobagens à parte, tenho que adiantar que acredito no conceito de "Mal" com "M" maiúsculo - Evil, como o arquiinimigo do Austin Powers. Não sei se se trata de algo metafísico (sou um indivíduo pouco religioso, mais por preguiça do que por convicção) ou algum transtorno psiquiátrico, mas acredito que algumas pessoas são completamente despidas de empatia e compaixão e que tal  traço de personalidade é imutável. Não creio que se trate de transtorno anti-social - há, ao longo da história, várias pessoas que demonstraram ser perfeitamente inteligentes e bem articuladas e, ao mesmo tempo, completamente perversas. Essas pessoas me assustam pra caramba. Essas pessoas, via de regra, não chamam a atenção. Geralmente vivem à sombra de ameaças aparentemente maiores, que servem de cortina de fumaça. Exemplo? Hitler era um fracassado escroto, idiota e maligno, mas, infelizmente, dotado de um carisma fenomenal. Sua popularidade não me assusta - conquistar o populacho com discursos incendiários e nojentos que encontram bode expiatório para uma realidade ruim, porém muito mais complexa, é um fenômeno frequente e fácil de entender, por piores que sejam as suas consequências. O que me deixa estarrecido são indivíduos como Heydrich e Eichmann: homens aparentemente civilizados e inteligentes que, inobstante, conceberam a chacina de seis milhões de pessoas com a mesma naturalidade de uma dupla de servidores públicos elaborando um memo - atitude que Hannah Arendt caracterizou como "a banalidade do mal". Ou o Mengele, utilizando o antissemitismo como pretexto para realizar experiências monstruosas destinadas simplesmente a satisfazer curiosidades intensamente repugnantes. Não sei, claro, se foi essa a motivação do Mengele. Só posso especular. Também não faço a menor idéia do que tenha motivado Heydrich e Eichmann. Isso, em última instância, é o mais assustador: não consigo imaginar o que se passa na cabeça de tais indivíduos. Sei apenas que eram sujeitos na plenitude de suas faculdades mentais, de inteligência notável e até certa erudição e, não obstante, conceberam monstruosidades de tal magnitude que nem gosto de imaginar. São pessoas assim que me levam a acreditar no idéia de "Mal com 'M maiúsculo'". Embora seja tentador achar que essa entidade está restrita ao passado, não gosto de me iludir: há evidências de sobra de que tal entidade nunca deixou de se fazer presente. De cabeça, posso mencionar os atentados do 11 de setembro. Quando eles ocorreram, eu estava numa lanchonete no campus da universidade. Quando vi as imagens, minha reação foi resmungar "Que filme retardado é esse?" O negócio era tão impensável que levou um tempo para a ficha cair e eu assimilar que estava vendo uma notícia, não um filme. E alguns colegas que estavam comigo tiveram a mesma atitude. Por que? Porque era algo impensável. Acredito que o governo americano tenha tomado conhecimento dos planos da Al Qaeda com antecedência e deixado de agir, não porque tenha afinidade com teorias conspiratórias retardadas, mas porque me parece inteiramente plausível que alguma autoridade estadunidense tenha recebido a informação e pensado "Bullshit! Essas coisas não acontecem." Se tal hipótese de fato se verificou, imagino que o a pessoa em questão continuou achando o atentado impensável até o momento em que este ocorreu. Acredito, aliás, que algo semelhante pode estar acontecendo agora: fico estarrecido com o fato de as pessoas levarem a sério as idiotices expelidas de forma habitual pelo bufão do Mahmoud Ahmadinejad (exemplo: negar a existência do Holocausto) e, simultaneamente, ignorarem os verdadeiros monstros que servem de alicerce para a teocracia iraniana - gente como o aiatolá Ali Khamenei, que, ostensivamente, classifica armas nucleares como "pecado imperdoável", mas, entre veteranos de guerra de sua pátria,  aduz, com total naturalidade, que acredita que o Estado de Israel será "varrido do mapa". Estou falando, releva mencionar, de um indivíduo cujas convicções ideológicas, ao contrário do que ocorria com os americanos e soviéticos durante a Guerra Fria, fazem com que não se intimide com a idéia destruição mútua assegurada. Tenho que observar que estou só usando exemplos óbvios - o "Mal com M maiúsculo" não se manifesta somente em proporções épicas - os crimes da família Manson, a chacina retratada por Truman Capote em A Sangue Frio e, para usar um exemplo pátrio, o Guilherme de Pádua assassinando brutalmente a Daniella Perez (até hoje não entendi exatamente qual foi o motivo do crime, porque nunca li uma explicação que fizesse um mínimo de sentido) e confortando o viúvo no funeral são exemplos em escala menor, mas não menos horripilante. Se há algo em comum entre os casos que relatei até agora é o fato de que, caso eles não tivessem ocorrido e fossem retratados em uma obra de ficção, esta seria descartada como "implausível". E o que levaria a tal conclusão? O fato de que pessoas minimamente decentes tendem a achar que seu sistema de valores é seguido por todos e tendem a acreditar, por conseguinte, que podem esperar um mínimo de decência dos outros. É essa falácia que confere vantagem a indivíduos malignos: eles contam com a boa-fé dos homens de bem. No horrendo Terminator Salvation (que eu, paradoxalmente, adoro, conforme post prolixo prévio) há uma cena em que o John Connor escuta uma gravação em que sua mãe diz que a Skynet vai usar "suas melhores virtudes contra você". O Terminator 4 é uma porcaria, mas este é um dos poucos momentos de inteligência do roteiro. É isso que pessoas malignas fazem: usam as virtudes de outras pessoas contra estas. Poucos filmes de terror, contudo, tem este insight. O vilão geralmente é um monstro/assassino/assombração/demônio/seja-lá-o-que-for óbvio e barulhento - é difícil não perceber que o Drácula do Christopher Lee, o Michael Myers ou o Leatherface está no recinto e que suas intenções são as piores.

Se você, contudo, acha que ele só quer conversar, fique à vontade.

Não estou esculachando o gênero que, obviamente, idolatro - quando vou ver um filme, estou procurando escapismo e entretenimento, não lições de vida. Mas, de vez em quando, topo com um filme que entende o Mal de uma maneira que mainstream, aparentemente, não entende. Nem sempre é uma obra de terror sobrenatural - Onde os Fracos Não Têm Vez, por exemplo, é um filme que gira em torno da constante dicotomia entre o Bem e o Mal e sobre como este parece infinitamente mais dinâmico e poderoso que aquele. O protagonista do livro de Cormac McCarthy e do filme dos Cohen, Ed Tom Bell, é um homem que resolve encerrar sua carreira na segurança pública porque se depara com o que parece ser uma nova espécie de monstruosidade, que não logra entender. Ao final, ele escuta uma sóbria freada de outro personagem, que explica que esses horrores sempre existiram. A Sétima Vítima é outra obra que se enquadra em tal categoria.

À primeira vista, Darkness parece ser um filme de terror bastante manjado: família se muda para um novo lar; coisas estranhas começam a acontecer; a casa, descobre-se, tem uma história assustadora e a sanidade do pai da referida família parece estar sofrendo uma gradual e terrível degeneração. A fórmula é batida e é possível perceber a influência de uma porrada de filmes - desde O Iluminado (irretocável obra de Kubrick que, em minha opinião, é o melhor "filme de casa mal-assombrada" de todos os tempos), House by the Cemetery (que também considero um excelente filme. Fodam-se os 99% - se você não gostou, é provavelmente porque não prestou atenção na genialidade do terror-spaghetti do Fulci) até o o terrível-porém-cômico Horror em Amityville (só o angloafro do James Brolin já devia contar como um personagem adicional e o Rod Steiger está mais exagerado que a porra). A família em questão é composta pelos genitores, Maria (Lena Olin, ainda constrangida por ter participado do ridículo A Rainha dos Condenados) e Mark (Iain Glen, mais conhecido, atualmente, como o Jorah Mormont de Game of Thrones), o pirralho Paul (Stephan Enquist) e a filha adolescente e protagonista, Regina (Paquin). Minha reação inicial ao perceber que a história é conduzida por uma adolescente, claro, foi revirar os olhos e pensar: "Puta que o pariu! Lá vem merda!" Principalmente porque, no início do filme, ficamos com a impressão de que a moça tem uma relação "complicada" com os pais e não está muito satisfeita com a mudança de domicílio. É um início pouco promissor, pois, afinal, ninguém gosta de adolescentes. Não estou sendo hipócrita: se voltasse ao passado e encontrasse um Kurt Breichen de 15 anos, eu cobriria tal elemento de porradas, porque, sinceramente, eu era insuportável. Felizmente, envelheci como vinho: o passar do tempo me tornou este sujeito equilibrado, bem-apessoado, espirituoso e charmoso que sou. Ou, como diria o Marsellus Wallace, me transformou em vinagre. Há correntes teorético-doutrinárias em ambos os sentidos, mas acredito que a primeira procede. Paquin, entretanto, é uma atriz decente e o roteiro, felizmente, foi escrito partindo da premissa de que o público deve gostar da protagonista, ao invés de passar o filme torcendo para vê-la conhecer intimamente a extremidade hostil de um instrumento cortante. Regina é uma personagem bem construída e, surpreendentemente, a pessoa mais equilibrada da família. Sua frescura com a mudança é compreensível - ela não está, afinal, mudando de bairro, mas dos EUA, onde Mark foi criado, para sua Espanha natal. Por que Mark foi criado nos EUA? Porque seus pais se divorciaram quando ele era criança e a mãe (americana, ao que tudo indica) ficou com a guarda. O cidadão, portanto, espera que a mudança possa reaproximá-lo do pai, Albert (Giancarlo Gianini) e, mais importante, estreitar a relação entre o avô e os netos. A casa, porém, não é um dos melhores ambientes. Isso não será surpresa para o espectador, que sabe mais sobre a casa do que os personagens. E eu, mestre do suspense que sou, decidi que só vou falar sobre o prólogo agora.

A sequência que precede os créditos iniciais é um primor de concisão: em poucos segundos, tomamos conhecimento de que, há aproximadamente, quarenta anos, a casa foi palco do homicidio de seis crianças - a sétima (Arrá! Isso mesmo, leitor hipotético! Eis o motivo do título nacional. Parabéns por desvendar o mistério, Sherlock. Aproveitando o ensejo, a água é molhada. Sério.) escapou. O prólogo do filme mostra sua fuga e seu depoimento à polícia ("Havia outras crianças?" "Sim." "Você acha que elas foram machucadas?" "Sim."). Tal fuga é o pivô do desaconchego que nossos novos amigos estão prestes a experimentar.

O revestréiz começa com Paul, que passa a ter um inédito medo do escuro. Não se trata de um medo desarrazoado - as sombras do novo lar parecem engolir os lápis deixados no chão pelo moleque. O principal problema, contudo, é que Mark sofre da doença de Huntington e a moléstia, que, aparentemente, se encontrava sob controle, começa a se manifestar com alarmante intensidade após a mudança. Se você não sabe o que é doença de Huntington, não se preocupe: eu sou um indivíduo que domina vários ramos de conhecimento científico (pesquisei na Wikipédia) e posso definí-la (Ctrl C + Ctrl V) como "um distúrbio neurológico hereditário" que provoca sintomas como "movimentos corporais anormais e falta de coordenação, também afetando várias habilidades mentais e alguns aspectos de personalidade." Noutras palavras, o Jorah Mormont começa a surtar, ter crises convulsivas e se destemperar diante de qualquer provocação, real ou imaginária (quando um eletricista explica, pacientemente, que não faz idéia do que está provocando a instabilidade do fluxo de energia elétrica na casa, Mark dá um súbito faniquito que deixaria o Al Pacino orgulhoso - "In other words, FUCK YOU, RIGHT? RIGHT IN MY FUCKING HOUSE, TO MY  FUCKING FACE! FUCK YOU!").

Menos, cara. Você não está entre os Dothraki.
Embora o avô (que é médico) lhe garanta que não há motivo para preocupação, Regina começa a acreditar, gradualmente, que permanecer na casa não é a melhor idéia (aparentemente, não é a primeira vez que a doença gera consequências tenebrosas). Sua mãe, contudo, insiste, obtusamente, que nada de errado está acontecendo. E continua com a mesma conversa, apesar de o comportamento do marido ficar cada vez mais bizarro: ele começa a lembrar de conversas que não aconteceram e passa a derrubar e perfurar paredes sob o argumento de que a família está sendo espionada por vermes escondidas entre os tijolos (literalmente). Tal brincadeira acaba levando o cidadão a descobrir, sob a escadaria, uma vitrola e discos do tempo do ronco e uma sinistra foto de três... cara, não posso chamá-las de "velhinhas", porque elas são cabulosas... três senhoras de idade avançada e aparência pouco amistosa. E o rapaz decide pendurar a horrenda foto. Talvez seja algo subliminar, mas a fotografia das velhas realmente é cabulosa. Se eu aparecesse querendo decorar minha casa com troço semelhante, certamente teria, com razão, que aturar uma série de esporros proferidos por minha esposa.

De péssimo gosto, Sor Jorah. Francamente! Nem a Patrulha da Noite ia encarar um troço desses.


Quando Paul começa a aparecer com hematomas cada vez mais graves e Maria insiste em alegar que nada demais está acontecendo e que a família "deve permanecer unida", Regina resolve, com a ajuda de seu... não sei se o cara é amigo, namorado ou latin lover da garota... sei lá, com a ajuda de seu colega Carlos (Fele Martinez), dar uma de turma do Scooby-Doo e investigar que raios há com sua nova moradia. O casal acaba descobrindo o passado sinistro da casa. Eles encontram, também o arquiteto responsável pela construção do imóvel, o que não alivia em nada a situação: o homem não sabe quem exatamente era(m?) o(a? os?) proprietários da casa, pois todos os contratos referentes a sua construção (que devia seguir especificações que transformam a casa em, basicamente, um templo enrustido) foram feitos através de um intermediário, de quem o sujeito não lembra. Mas, após descobrir (em cena que lembra tanto o túmulo escondido na sala-de-estar do Dr. Freudstein quanto a "passagem para o inferno" de Horror em Amityville), certos símbolos do "templo" que estavam escondidos sob a fachada de seu novo lar, Regina e seu fiel escudeiro conseguem ter uma idéia da motivação da tragédia que ocorreu na casa há quatro décadas: aparentemente, tratava-se de um ritual, consistente na execução de sete crianças "pelas mãos de alguém que as ame", que só pode produzir efeito durante um eclipse. Coincidentemente (ou não), o mundo está prestes a testemunhar um eclipse solar como o que ocorreu há quarenta anos e, tudo indica, o malassombro da casa quer que Paul seja... (dã-Dã-DÃ!)... a sétima vítima.

Até tal momento, como eu já escrevi, Darkness parece ser um formulaico filme de casa mal-assombrada, mas as coisas tomam rumo radicalmente inesperado e a história puxa o tapete do espectador. Explico: a casa, de fato, é mal-assombrada, mas o verdadeiro Mal que parece prestes a devorar seus habitantes tem uma origem completamente humana e tão tremendamente horripilante quanto os exemplos de "Mal" que elenquei no segundo parágrafo deste post. Não posso adiantar mais nada sobre a trama, só que o(a? os?) vilão (vilã? vilões? Não vou dizer), apesar de ser movido por razões que desafiem a compreensão de qualquer indivíduo racional, é tão (infelizmente) verossímil quanto os homens que idealizaram a Solução Final e, como estes, completamente indiferente às consequências que seu "experimento" pode provocar. Após tal revelação, a história se torna imprevisível, havendo apenas uma certeza: a Escuridão do título original é extremamente astuciosa e vai, como o homem-bomba que morre levando consigo vários infelizes desavisados, usar toda a boa-fé e todas as virtudes de Regina contra ela ("Não, eu sabia que o ritual não iria funcionar porque, sinceramente, eu não o amava"). O  horror do filme assume dimensões lovecraftianas (sei que usei este termo no post sobre Cabin in the Woods, mas o uso é devido e o fato de eu postar sobre os dois filmes em curto espaço de tempo é, realmente, coincidência) que a maioria das adaptações da obra de Lovecraft não logram alcançar.

Cara, eu não entendo como este filme não é cultuado por fãs de terror - enquanto Hollywood regurgita um remake-de-filme-de-terror-de-vinte-anos atrás do outro, uma pérola original e tenebrosa como A Sétima Vítima passa quase que despercebida. Mesmo entre o pessoal cujo gosto não se enquadra com o mainstream, é difícil encontrar alguém que goste de Darkness. Acho o filme muito superior ao fantástico REC (cuja direção foi compartilhada por Balagueró e, não por coincidência, Paco Plaza, diretor de outro cabuloso e injustamente ignorado filme de terror espanhol, Segundo Nome). O roteiro, escrito a seis mãos pelo diretor, Fernando de Felipe e Miguel Tejada-Flores é tão ardiloso quanto a Escuridão do filme. Quando digo que a história, a princípio, parece manjado, tenho que enfatizar a palavra "parece". Mesmo quando está seguindo a fórmula de filmes de casa mal-assombrada, A Sétima Vítima é bastante eficiente. Talvez pelo fato de ter visto, compulsivamente, cinema exploitation e de terror desde pirralho, acho muito difícil me assustar ou sentir desconforto com histórias de fantasmas. Darkness, contudo, consegue tal proeza. Após refletir um pouco, descobri por que: os fantasmas que infernizam a vida de Regina e Paul são retratados como raramente se faz no cinema. Em momento algum eles parecem etéreos, transparentes ou, para ir direto ao ponto, efeitos especiais. São simplesmente crianças (e outras coisas) que surgem, fisicamente, onde, até há pouco tempo, não havia coisa alguma e não poderia haver coisa alguma. E é inequívoco que se tratam de presenças hostis que, como a Sadako/Samara de O Chamado, não estão nem um pouco felizes com o fato de estarem mortas. Os fantasmas de Darkness, enfim, lembram toda história "verídica" de assombração que já me contaram. E eles são apenas coadjuvantes de menor importância - cortina de fumaça para a verdadeira vilania. A revelação da real natureza do Mal que persegue a protagonista bem-intencionada é o grande trunfo do filme. Há um determinado momento em que o espectador fica com a nítida impressão de que deixou de ver um "filme de casa mal-assombrada" e passou a ver um épico de horror e tal sensação permanece até depois que os créditos finais começam a rolar. Se você ainda não viu esse filme, sugiro que vá ver agora, sob pena de ser um debilóide. E, se você achar que minha opinião sobre o gabarito da obra é exagerada, espere uns cinco, dez anos. A História vai provar que eu estou certo. Como sempre.

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