domingo, 17 de maio de 2009

Superman II: The Donner Cut; Richard Lester: vá praticar um ato libidinoso consigo mesmo; Ilya Salkind: vá você também.

Tenho que deixar uma coisa clara: faço parte da maioria de fãs de gibis que considera os dois primeiros filmes da série Superman duas das melhores adaptações de todos os tempos e que o Superman II, embora inferior ao primeiro, ainda assim é muito bom. Isto posto (e talvez eu seja um fã retardatário), só ontem vi Superman II: The Richard Donner Cut e tenho que concluir: a culpa do segundo ter sido inferior ao primeiro é do diretor Richard Lester e acho que nunca mais vou querer ver a versão "original" novamente.

A história é manjada, mas tentarei resumir para quem não conhece: desde o início, a idéia dos dois filmes era um só épico dividido em duas partes. Segundo alegações de Donner, o roteiro original, escrito por Mario Puzo e reescrito por David e Leslie Newman e Robert Benton, seguia uma orientação camp, mais ou menos no estilo da série Batman com Adam West. Donner trouxe Tom Mankiewicz para a produção, creditado como "consultor criativo". Na prática, Mankiewicz reescreveu o roteiro, reduzindo drasticamente o fator camp e imprimindo à história o tom sério e épico desejado por Donner. Posteriormente ao lançamento do primeiro filme, com cerca de 75-80% da fotografia principal já feita por Donner, o pau comeu entre este e os produtores Ilya e Alexander Salkind. A verdade sobre a esculhambação é obscura, mas há várias versões: Marlon Brando, baseando-se no fato de o segundo filme ter várias cenas já gravadas com seu personagem, processou (e ganhou) para receber uma porcentagem da bilheteria; os produtores optaram por simplesmente suprimir as cenas com seu personagem, o que teria emputecido Donner. Os produtores, segundo este, estariam fazendo pressão para uma filmagem mais rápida e mais barata. Ilya Salkind, por seu turno, alega que Donner excedeu o orçamento e os prazos, demandava controle criativo total e final cut do filme e exigia a manutenção das cenas com Brando, sob pena de, à moda de Eric Cartman, "screw you guys, I'm going home". A conclusão da dramática baixaria é que Donner foi dispensado e a direção foi assumida por Richard Lester. Para este manter o crédito de diretor, segundo o Director's Guild (sindicato da categoria), teria que filmar pelo menos 51% do filme, resultando na maior parte das filmagens de Donner sendo limadas (estima-se que somente 25% do que este filmou foi mantido, e ainda assim só porque Hackman teria se recusado a participar de novas filmagens sem Donner na direção). Mankiewicz também caiu fora e, em conseqüência, praticamente todas as partes do roteiro que ele reescreveu retornaram à sua forma original.

Não posso falar por todo mundo, mas o que nunca gostei no versão original do Superman II (e acho que não estou sozinho) foi o excesso de "humor" acrescentado à história. Na verdade, mesmo no primeiro filme, já achei o Lex Luthor o ponto fraco justamente pelo roteiro tê-lo caracterizado de forma mais cômica. A interpretação de Hackman é excelente, e a dinâmica entre o personagem e seu capanga Otis, pelo menos, é genuinamente engraçada, mas nunca achei o personagem ameaçador - não obstante seu plano para se tornar o "proprietário" da Costa Leste dos EUA seja monstruoso, nunca assimilei aquele Luthor como um vilão de verdade. Achei o Luthor de Kevin Spacey muito mais eficiente. Neste aspecto, o segundo filme tinha o plus de ter três vilões de verdade. Não faço questão de que toda adaptação de gibi seja tratada com o tom de um drama sobre a Serra Leoa (o recente "Homem de Ferro", por exemplo, que tem um tom mais light, é excelente). O que acho difícil de encarar é um filme de super-herói cujo único adversário é um bufão. Mas, pelo menos, nunca achei o personagem insuportável e as virtudes do primeiro filme, em minha opinião, em muito superam as fraquezas. No segundo, porém, forçaram a barra com o camp e torna-se fácil entender por que Donner insistiu em trazer Mankiewicz para reescrever o filme.

A versão de Richard Donner, lançada em 2006, utilizando as cenas que ele já havia filmado e, para manter a continuidade e na ausência dos 20%-25% que ele nunca chegou a filmar, gravações de ensaios e testes. Não sei como foi solução jurídica para o problema após a morte de Brando, mas as cenas de Jor-El (cuja função, na versão original, foi substituída por Susannah York, que interpreta Lara, a mãe de Kal-El) foram restauradas. E os momentos mais xaropes do filme de Lester foram eliminados. Para evitar spoilers, tentarei ser breve ao mencionar as alterações.

Sabem aqueles inúmeros momentos "cômicos" em que Non tenta usar sua visão para queimar coisas e falha várias vezes, além de outras que fazem o personagem parecer não o psicopata animalesco descrito por Jor-El, mas um vilão da série "Esqueceram de Mim"? Fora.

Sabem toda aquela sequência com os terroristas em Paris e as trapalhadas de Lois Lane para conseguir um "furo" sobre o incidente, sendo resgatada pelo Super-Homem, que acaba, ao eliminar a ameaça dos terroristas, involuntariamente libertando Zod, Non e Ursa? Nada disso aparece na edição de Donner - a forma como os três vilões se libertam é bem mais sucinta e ligada diretamente ao primeiro filme.

Uma piada muito batida sobre os gibis e filmes do Super-Homem é que todo mundo no Planeta Diário deve ser imbecil, já que a "transformação" de Clark Kent no herói consiste, basicamente, em trocar de roupa, tirar os óculos e mudar o penteado. Pois é, isso não foi ignorado por Donner e Mankiewicz e é assim (mais o fato de que os dois nunca estão no mesmo local simultaneamente) que Lois Lane chega à sua teoria de que Kent é o Super-Homem.

Sabem aquela idiotice supostamente cômica e sem propósito de Lois Lane ter fixação por suco de laranja espremida na hora? Fora.

Tudo bem, a cena em que Lois Lane se joga na cataratas do Niágara para forçar Clark a se revelar era bem legal, mas foi substituída por outra muito melhor, e logo no começo do filme. Sabem aquela cena ridícula em que Lois finalmente descobre que Kent é o Super-Homem? Em que o herói, depois de vários malabarismos para convencer a moça que ela está errada, acaba, como um mané estabanado, tropeçando no tapete do quarto de hotel e enfiando a mão na lareira? Fora. É substituída por outra muito mais plausível e realmente cômica - ao contrário de Richard Lester, Donner e Mankiewicz não tinham o senso de humor estilo "Os Trapalhões".

As cenas entre o Super-Homem e sua mãe foram substituídas pelas originalmente filmadas por Donner com Brando. É uma alteração que faz enorme diferença: Jor-El e seu filho tem um debate que realmente enfatiza a natureza egoísta e as consequências da decisão que o Super quer tomar (no original, era basicamente um, "Manhê, mas eu quero ter uma namorada!" e "Meu filho, pense bem!") E quando, após levar uma série de porradas num bar e tomar conhecimento sobre a chegada de Zod, Ursa e Non, o herói se dá conta da merda que faz e decide voltar atrás e recuperar seus poderes... Porra, enquanto no original, Clark simplesmente encontra o cristal verde na Fortaleza de Solidão e não temos nenhuma outra explicação sobre sua recuperação, aqui temos uma cena com um show de interpretação de Brando e Reeve, que aborda e intensifica ainda mais as alegorias cristãs do primeiro filme e torna aquela frase de Jor-El sobre "o filho se torna o pai e o pai se torna o filho" algo muito mais que um diálogo bonito. Eu sugiro a todo mundo que veja o filme completo, mas, para quem não se incomoda com spoilers, eis a cena:



A batalha entre o herói e os três vilões em Nova York é mais prolongada e todos aqueles ridículos momentos pastelão foram excluídos (como o cara que, com o tufão provocado pelo sopro de Zod, Ursa e Non, leva uma "sorvetada" na cara e o imbecil que, mesmo em meio ao caos, continua falando no telefone e rindo como um débil mental).

O confronto final também é muito mais sucinto e lúcido, sem nada daquelas palhaçadas sobre os superpoderes holográficos ou o "S" gigante.

Aquela idiotice sobre o "beijo mágico que faz esquecer" também é excluída, sendo substituída por... tudo bem, a solução aqui também é bastante idiota, mas pelo menos é coerente com primeiro filme.

Enfim, mesmo que todas as queixas do produtor fossem a verdade absoluta, Ilya Salkind devia ter pago o que Brando queria e mantido Donner na direção, por mais insuportável que este estivesse sendo. Eu só toquei nos pontos principais. Todo o filme tem um ritmo muito melhor que o theatrical cut, mantém o tom épico do primeiro (apesar de ser cerca de dez minutos mais curto), a fotografia é muito superior e, francamente, embora tenha lido em vários sites sobre o estado precário das cenas "alternativas" utilizadas no lugar das que nunca foram filmadas, não notei tais discrepâncias. É a versão definitiva do filme e, depois de vê-la, você também não vai ter mais o menor interesse de rever o theatrical cut.

Finalmente - e eu gostaria muito de ter escrito isso primeiro, mas tenho que atribuir o crédito a quem é devido - vale mencionar essa consideração feita pela Cracked.com: seria justo dizer que todas as virtudes do theatrical cut de Superman II foram mérito de Donner e todos os defeitos, culpa de Richard Lester? Bom, quando Lester teve a oportunidade de dirigir sozinho e da estaca zero um filme com o personagem, o resultado foi Superman III.

15 comentários:

  1. É isso meu caro, concordo com você em tudo que falou. Na verdade, eu já havia até publicado em foruns de sites de cinema todas as diferenças que as duas versões tinham, mas o senhor resumiu de uma maneira perfeita.
    Realmente, a parte 2 era inferior ao primeiro mas mesmo assim é a melhor continuação do original. O filme é cheio de excelentes cenas de ação, mas o Richard Lester ficava incluindo todas aquelas piadas camp, o que prejudicava a tensão das cenas. Pena que só em 2030 que essa versão do Donner vai chegar em dvd aqui no Brasil.

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  2. A respeito de Richard Lester, há de se lembrar que ele fez sozinho toda aquela fantástica batalha do Superman contra os tres vilões em Metropolis, e nenhuma tomada sequer foi filmada por Donner. O unico probelma eram aquelas piadas como na cena do furacão quando a bola do sorvete cai no rosto do cara, além das perucas voando e aquela cara que mesmo com aquela destruição toda ficava rindo e falando sem parar no telefone.
    E quanto a SUPERMAN III...bom, o filme até que tem os seus bons momentos, como a já classica luta entre os dois Superman no ferro-velho e, vá lá, aquela cena do Superman contra os misseis, mas acho que ele acabou se perdendo com o tom de exagero, auto-paródia e o Richard Pryor, e por isso que o filme ficou tão estranho. Ou seja, que nem o Felipe Guerra falou uma vez, Richard Lester foi para a série Superman o que Joel Schumaccer foi para a série Batman, guardada as devidas proporçoes, é claro, já que Schumaccer simplesmente jogou a série Batman no lixo.
    E SUPERMAN III até que é ruim, mas é melhor do que a horrorosa parte 4 e o chato SUPERMAN RETURNS.

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  3. Realmente, enrolei muito para finalmente ver esse filme. Agora, quanto a seu segundo comentário: embora o post possa dar essa impressão, nunca achei a versão original do "Superman II" uma porcaria. Mesmo com todas as falhas que mencionei, a "theatrical version" ainda é muito boa. O problema é que, depois que você vê o "Donner Cut" e percebe como se tratava de um filme que podia ter sido excelente e não apenas "bem legal" ou "muito bom", você nunca mais vai ver a outra versão com os mesmos olhos. É como "Cruzada", de Ridley Scott. Eu vi a versão de 140 minutos e achei o filme muito bom, um épico de guerra muito superior aos filmes do tipo que estavam sendo lançados na época (como "Tróia" e "Alexandre"). Quando assisti ao Director's Cut, porém, e vi o filme que Scott realmente fez (e foi fodido pela porra da Fox, que tinha medo de lançar um filme com mais de três horas e não ganhar dinheiro) fiquei irado e senti vontade de matar o Tom Rothman. Porra, o Director's Cut é um dos melhores filmes da carreira de Scott (eu o coloco quase no mesmo patamar de Blade Runner, apesar de alguns erros históricos e "modernizações" ideológicas de certos personagens)e os caras (que gastam centenas de milhões de dólares em baboseiras medíocres como "Wolverine") lançaram uma versão mutilada da obra por medinho de talvez não render muito dinheiro (que acabou não rendendo de qualquer maneira)? Depois de vê-la, a "theatrical version" fica obsoleta.

    De qualquer modo, sustento que Richard Lester não merece mérito nenhum pelo filme - mesmo o que ele conseguiu fazer de decente (como a cena que você mencionou), só fez porque pegou o bonde andando. "Superman III" mostrou exatamente sua verdadeira "visão" e o respeito que ele tinha pelos gibis: o mesmo que eu tenho por gente que defende que o Holocausto nunca aconteceu. Ele fez um pastelão infantil e sem graça com "participação especial" do Super-Homem. Porra, quando eu vou ver um filme chamando "Superman III", meu objetivo não é ver uma versão aguada do humor de Richard Pryor (para torná-lo mais aprazível ao "grande público") nem um "extended play" daquela piada de que o Super-Homem fica muito escroto quando bebe, ou Clark Kent fazendo papel de idiota reiteradamente. O filme é realmente melhor que o "IV", mas isso é como dizer que contrair sífilis é melhor do que ter câncer.

    Quanto ao "Returns"... cara, eu na verdade gostei bastante do filme. Nesse ponto, nossas opiniões divergem radicalmente. Acho tão superior ao "III" que não vejo nem sentido em comparar os dois aqui. É, porém, uma idéia interessante para uma futura atualização do blog...

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  5. Pra mim a única coisa que prestou em Superman 3 foi a cena de luta entre Superman vs Clark Kent mesmo. E olha q sou fã do Richard Pryor. Mas concordo que só essa cena é melhor que o Superman Returns inteiro! Que filminho pífio!

    Agora, eu sempre adorei os dois primeiros Supermans iguais. Acho que nem gostaria tanto do primeiro sem o segundo. O segundo tem os 4 vilões mais fodas da história de vilões de adaptações de quadrinhos já feitas. Sim, estou incluíndo o Luthor do Hackman que para mim é o vilão bonachão e pastelão mais divertido da história do cinema. E foi muito bom o caminho que o Hackman deu pra ele até para mostrar sua própria versatilidade como ator. O sujeito humano que se considera "a mente criminosa mais brilhante do mundo" tinha que ser um pouco patético mesmo, vcs precisam entender isso. Não sei pq elogiam tanto a atuação do Spacey. Ele não faz nada se não repetir os trejeitos e tom cômico do Hackman. A única diferença é q ele grita mais, agride fisicamente mais o Superman (Quando esse está sem forças, claro) mas eu achei a cena do Luthor no primeiro Superman de 78 colocando a corrente de cryptonita no pescoço do Superman bem mais impactante q qualquer uma dessas do Spacey.

    Quero muito ver a versão do Donner, mas a versão do Lester sempre será uma joía rara dentro do cinema de HQ pra mim.

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  6. "sem nada daquelas palhaçadas sobre os superpoderes holográficos ou o "S" gigante."

    Concordo inteiramente com vc sobre as cenas ridículas do sorvete e do orelhão, mas essas eu adoro!

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  7. "Pra mim a única coisa que prestou em Superman 3 foi a cena de luta entre Superman vs Clark Kent mesmo. E olha q sou fã do Richard Pryor. Mas concordo que só essa cena é melhor que o Superman Returns inteiro! Que filminho pífio!"

    Ok, JD, eu não queria transformar isso em mais um debate épico, mas vocês me fizeram morder a isca. Afinal, o que o "Returns" tem de tão horrível? Allan, sinta-se à vontade também.

    "Agora, eu sempre adorei os dois primeiros Supermans iguais."

    Como eu disse ao Allan, eu também sempre gostei dos dois, achando o primeiro levemente superior pela ausência de certos elementos "pastelão" que Lester introduziu. O problema é que, depois de ver a versão de Donner, o theatrical cut perdeu a graça. A veemência toda decorreu disso; eu não ODEIO a segunda parte em sua forma original, mas nunca mais vou conseguir assistí-la sem me irritar depois que vi a edição do Donner. Talvez isso aconteça com você também.

    "O segundo tem os 4 vilões mais fodas da história de vilões de adaptações de quadrinhos já feitas. Sim, estou incluíndo o Luthor do Hackman que para mim é o vilão bonachão e pastelão mais divertido da história do cinema. E foi muito bom o caminho que o Hackman deu pra ele até para mostrar sua própria versatilidade como ator."

    Não questiono a competência de Hackman (a atuação dele, como falei na crítica, é excelente) e acho que sua interpretação de Luthor é hilária - ao contrário de outros vilões "cômicos" que não têm a menor graça, como o Charada de Jim Carrey. É uma questão de preferência mesmo: para mim, um filme sempre perde força quando não consigo ver o vilão como uma ameaça de verdade. Se funciona para você, ótimo. Se bem que, dentro do contexto geral, isso não era realmente um defeito: como proposta sempre foi fazer os dois filmes, a idéia era mesmo colocar Luthor como um vilão mais comic relief, com Zod e seus capangas aparecendo como os verdadeiros vilões.

    "Não sei pq elogiam tanto a atuação do Spacey. Ele não faz nada se não repetir os trejeitos e tom cômico do Hackman. A única diferença é q ele grita mais, agride fisicamente mais o Superman (Quando esse está sem forças, claro)"

    Hehehe... Elogiam? Eu tenho a impressão de que sou a única pessoa que gostou do "Returns". Quanto à diferença, ela é sutil, mas bastante relevante: o Luthor de Hackman é um bandido pateta e megalomaníaco; o Luthor de Spacey é um bandido psicopata perigoso e megalomaníaco, com alguns trejeitos cômicos (a cena que melhor ilustra isso, no "Returns" é aquela do "Superman will never..." "WRONG!!!"). O Luthor de Spacey me convence de que é capaz de matar alguém sem a menor hesitação; o de Hackman, não. O de Hackman, quando o Super-Homem fica impotente com a criptonita, larga-o numa piscina para morrer; o de Spacey cobre o herói de porrada, manda os capangas cobrirem o herói de porrada, dá uma punhalada de criptonita nas costas dele e joga o cara no oceano.

    "Concordo inteiramente com vc sobre as cenas ridículas do sorvete e do orelhão, mas essas eu adoro!"

    Cara, aí entramos em divergência total. Independentemente da edição do Donner, eu sempre detestei essas cenas. Acho supérfluas (pois o plano de Super-Homem sempre foi passar a perna na turma de Zod com aquela história de "cabine que tira os poderes") e a reação que eles sempre despertaram em mim foi "now you guys are just making shit up".

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  8. Ah, meu, o filme é muito mal feito. Muito sem sal, muito sem graça, muito sem atores carismáticos (tirando o Spacey) e volta a origens dos primeiros filmes que eu não consigo entender.

    Mas só pra especificar uma das inúmeras coisas que me irritaram no filme, q DIABOS foi aquilo entre Clark Kent e Lois Lane?? Porra, eles sempre foram UNHA E CARNE nos filmes originais, independente do Superman na jogada ou não. E quando ele reaparece, a mulher finge que mal conhecia ele?? Porra, parece que os caras que fizeram esse filme nção tinham culhões pra realmente "seguir em frente" e voltaram para essas características bobas para a platéia se sentir em casa. O filme deveria se chamar Superman 3 - Versão alternativa mesmo.

    Quanto ao Hackman, eu consigo enxergá-lo como uma ameaça de verdade sim. No lugar certo e na hora certa, o Hackman poderia destruir o mundo. Era só ter a chance. E acho que o faz tão ameaçador é o q o faz, ao mesmo tempo, tão pateta e doido.

    Eu acho q a cena no Polo Norte é essencial as cenas do combate antes do Superman enganá-los com a cabine, pq mostra que o héroi tb é uma mente pensante. Ele sabia que o Luthor não iria perder a chance de trair o Superman na primeira chance que tivesse e usa isso para contornar a situação de maneira brilhante. A cena q ele "ajoelha perante a Zod" e depois quebra a mão dele e o levanta já é uma das mais clássicas da história do cinema! Mas nem seria tanto sem o fator surpresa da "pegadinha do Superman".

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  9. Eu não gosto do RETURNS por que eu o acho muito chato, não termina nunca, os novos atores, com exceção do Spacey, são péssimos e se for analisar bem, a história é uma verdadeira cópia da história do filme original, mas piorada.

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  10. JD, vamos lá, ponto a ponto:

    "Muito sem sal, muito sem graça, muito sem atores carismáticos (tirando o Spacey) e volta a origens dos primeiros filmes que eu não consigo entender."

    Discordo. Para minha surpresa, gostei muito do elenco do filme - achei a interpretação de Kate Bosworth (que sempre considerei melhor calada e com o mínimo de roupa plausível) totalmente convincente como uma Lois Lane mais madura, amargurada com a situação e menos cabeça de vento; Langella excelente como Perry White e (mais surpreendente ainda) James Marsden, em um papel complicado que, se desenrolado com menos habilidade, poderia se tornar vilanesco ou dar a impressão de que se tratava de típico banana corno manso. A relação dele com Lois - a origem de toda a dificuldade do papel - foi retratada com o tipo de realismo adulto que é raro ver em um blockbuster hollywoodiano: Lane é realmente apaixonada por outro cara, mas sabe que acaba chegando à conclusão de que este jamais vai ser o marido e o pai que ela e o filho precisam e decide, ao final, acabar tomando a decisão mais sensata. Richard White, por outro lado (e a cena no hospital, no fim do filme, deixa isso evidente) entende exatamente a situação e acaba decidindo se conformar com ela, porque conclui que o amor que sente por Lane pesa mais do que um leve orgulho de macho ferido. E, convenhamos, o cara se sentir um intimidado porque a mulher tem uma queda pelo Super-Homem é, francamente, ridículo; é como o cara ficar puto e com ciúme quando descobre que a namorada acha Brad Pitt "um gato". Acho que a conclusão do personagem no final do filme é basicamente essa. Não achei nada disso insosso; achei melancólico (destoando da atmosfera geral dos dois primeiros filmes), mas envolvente e realista. O Luthor de Kevin Spacey, como já disse, achei fuderoso.

    O maior problema é o Clark Kent de Brandon Routh. Como o Super-Homem, achei o ator totalmente eficiente; ele está, basicamente, imitando o Christopher Reeve, mas não sei como condená-lo por isso e a imitação é ótima. Já como Clark Kent, minha reação é meio ambígua. Por um lado, ele se aproximou mais da imagem que o personagem tinha antes da interpretação de Reeve (que, lembre-se, elaborou um Clark Kent muito mais humano e simpático que a versão mais enfadonha dos gibis de até então), o que é uma involução. Mas, por outro, a situação dele é bem diferente dos primeiros dois filmes: o cara voltou para casa depois de cinco anos de ausência esperando encontrar tudo do jeito que deixou e acaba descobrindo que o mundo não parou por causa de sua ausência. Dá para entender que o sujeito fique meio "emo" que a versão de Reeve. Então, de modo geral, posso dizer que achei a interpretação dele decente.

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  11. "q DIABOS foi aquilo entre Clark Kent e Lois Lane?? Porra, eles sempre foram UNHA E CARNE nos filmes originais, independente do Superman na jogada ou não. E quando ele reaparece, a mulher finge que mal conhecia ele?? Porra, parece que os caras que fizeram esse filme nção tinham culhões pra realmente "seguir em frente" e voltaram para essas características bobas para a platéia se sentir em casa."

    Daniel, não sei o que há de tão inacreditável nisso. Ora, eu tinha amigos inseparáveis do tempo da faculdade, com quem, por uma série de motivos, deixei de conviver por anos. Quando finalmente nos encontramos, a situação é totalmente forçada e desconfortável - acaba ficando aquela sensação que, fora o fato de termos sido amigos do tempo da faculdade, a gente não tem mais porra nenhuma em comum. Você nunca passou por isso? Para mim, a situação de Lois e Clark é a memsa. Eles eram como unha e carne há CINCO anos atrás. Desde então, Clark e o Super-Homem sumiram, Lane arranjou um companheiro, teve um filho e tocou a vida. Implausível seria se o cara reaparecesse e de repente TODA A RELAÇÃO, EXATAMENTE DA MESMA MANEIRA QUE ERA ANTES, continuasse de onde parou. O cenário da história pode ser o mesmo, mas a dinâmica entre os personagens mudou completamente - e de uma maneira que provavelmente ocorreria no mundo real. O que o pessoal costuma zombar como o "Emo Superman" de Singer, na verdade, é o personagem aprendendo a lidar com o fato de que, por mais fuderoso que ele seja, o mundo não gira em torno dele e, como diz a música tosca, a fila anda. Não vejo nada de frouxo ou repetitivo nisso. Os cara LEVARAM a história adiante - talvez não da maneira que você ou uma porrada de gente esperava, mas não se trata de um mero repeteco dos dois primeiros filmes. E, dentro dessa perspectiva "naturalista", dá até para aceitar que o Luthor de Kevin Spacey seja o mesmo personagem de Hackman - ele simplesmente ficou mais embrutecido e menos porra-louca depois de passar cinco anos na prisão.

    "O filme deveria se chamar Superman 3 - Versão alternativa mesmo."

    Hehehehe... Mas é assim que eu vejo o filme. Como "Superman 3 - A versão que presta". Eu finjo que o III e o IV nunca foram feitos e consigo assistir aos dois primeiros e ao "Returns" sem a menor sensação de que estou vendo uma cópia. E as cenas de ação do "Returns" são do caralho.

    Luthor de Hackman: eu creio não se trata de questão que dá para debater. É uma questão de percepção mesmo. Acho que posso descrever a coisa como uma dissonância congnitiva: intelectualmente eu sei que o cara é capaz de destruir o mundo se for lucrar com isso; visceralmente, porém, nunca consigo achá-lo ameaçador ou realmente vilanesco. O de Spacey, consigo.

    "Eu acho q a cena no Polo Norte é essencial as cenas do combate antes do Superman enganá-los com a cabine, pq mostra que o héroi tb é uma mente pensante. Ele sabia que o Luthor não iria perder a chance de trair o Superman na primeira chance que tivesse e usa isso para contornar a situação de maneira brilhante. A cena q ele "ajoelha perante a Zod" e depois quebra a mão dele e o levanta já é uma das mais clássicas da história do cinema! Mas nem seria tanto sem o fator surpresa da "pegadinha do Superman"."

    Não sei como isso contraria o que eu disse. A pegadinha toda está no corte de Donner. Ele só deixou de incluir aquele enche-linguiça antes da pegadinha (o qual o Super-Homem, obviamente, sabia que não ia resolver a situação) e partiu direto para o herói se fingindo de derrotado e enrolando o Luthor. E nada daquelas coisas ridículas de "hologramas" ou "S mágico". Sinceramente, só vi graça naqueles "superpoderes" que nunca havíamos testemunhado antes quando era criança; depois dos dezesseis anos, sempre achei o negócio ridículo e tosco. Ou eu me expressei mal e você não entendeu minha opinião, ou eu não entendi sua resposta.

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  12. Allan:

    Acho que minhas respostas ao JD já trataram da maioria de suas objeções ao filme. Quanto ao fato de você achá-lo chato e interminável, talvez seja uma questão de gosto. O filme, de fato, é longo, mas a duração não é desnecessária (como, digamos, "Piratas do Caribe 3" ou praticamente todos os filmes do Michael Bay depois de "A Rocha"). Serve para estabelecer a situação em que os personagens se encontram após os cinco anos de ausência do Super-Homem e, em seguida, explorar essa dinâmica, incluindo o desenvolvimento do plano de Luthor. Quando assisti ao filme, em momento algum fiquei entediado ou olhando o relógio.

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  13. Correção: "Kate Bosworth (que sempre considerei melhor calada e com o mínimo de roupa possível)"

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  14. Eu até entendo o q vc quer dizer com seu exemplo de faculdade, mas acho que a relação de lois e Clark era MUITO mais forte que isso.

    E assim como existem esse seu exemplo (Muito bem dado, aliás) tb existe o inverso, daquelas pessoas q podem ficar sem ver há 10 anos e quando se encontram, parece que tinham se visto ontém. A relação nunca muda. E pra mim a dos Lois e Clark entra exatamente nessa categoria.

    "E as cenas de ação do "Returns" são do caralho."

    Ah, agora a divergência é absurda! Eu acho as cenas de ação do Returns um asco! Horrendas mesmo. Nem se compara com as ótimas cenas de ação dos seus dois X-Men. Realmente aí não tem muito o que discutir. Um acha uma coisa completamente diferente mesmo.

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  15. "Eu até entendo o q vc quer dizer com seu exemplo de faculdade, mas acho que a relação de lois e Clark era MUITO mais forte que isso.

    E assim como existem esse seu exemplo (Muito bem dado, aliás) tb existe o inverso, daquelas pessoas q podem ficar sem ver há 10 anos e quando se encontram, parece que tinham se visto ontém. A relação nunca muda. E pra mim a dos Lois e Clark entra exatamente nessa categoria."

    Verdade que essa reação também pode ocorrer. Mas nunca tive essa impressão da relação entre Clark e Lois. Sempre me pareceu uma versão mais adulta daquele clichê da menina gostosa que tem um amigo "geek" que, obviamente para todo mundo, menos para ela (ou, aparentemente, menos para ela, para conveniência desta), é apaixonado pela cidadã, que vive dizendo por aí que o oreba é "como um irmão para ela" enquanto tem vontade mesmo é de ficar com o marombeiro da classe (no caso, o Super-Homem). Por isso achei plausível o reencontro dos dois no "Returns". Diferenças de percepção.

    "Ah, agora a divergência é absurda! Eu acho as cenas de ação do Returns um asco! Horrendas mesmo. Nem se compara com as ótimas cenas de ação dos seus dois X-Men. Realmente aí não tem muito o que discutir. Um acha uma coisa completamente diferente mesmo."

    Como não diriam as atrizes que contracenaram com Julian Sands, I can live with that. Deixemos, pois, esse debate de lado e apreciemos a mais nova e espetacular pérola da Sétima Arte: "Mega Shark vs Giant Octopus", um filme que certamente será um divisor de águas na história do cinema.

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